CRISE NO SUS : Conselho ameaça pedir intervenção
O primeiro deles a ser contatado foi o Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CRDH/UFRN). O advogado do Centro, Hélio Miguel, esteve presente numa reunião realizada ontem pela manhã no Conselho de Medicina, com a participação do senador Paulo Davim (PV), e explicou as possibilidades jurídicas dos dois caminhos apontados. "Estamos procurando o apoio do Centro para verificarmos a solução mais viável juridicamente. O que é preciso dizer é que as possibilidades de resolver a questão localmente estão praticamente esgotadas", disse Jeancarlo Cavalcanti.
Os representantes dos conselhos citaram algumas evidências deste "esgotamento". Exemplo: apesar de várias ações propostas tanto pelo MPE quanto pelo Cremern na Justiça, não foi possível resolver algumas questões, como as macas no corredor do Walfredo Gurgel ou o desabastecimento nos hospitais estaduais. Além disso, Marcos Dionísio avaliou que nos últimos 60 dias, prazo em que vigora o decreto de calamidade na saúde pública, a situação piorou, ao invés de melhorar. "Não há respostas do Governo do Estado em tempo hábil", disse.
O advogado do CRDH, Hélio Miguel, explicou que, apesar de haver pendentes alguns pedidos na Justiça, é possível pedir a interferência externa na situação da saúde potiguar. "Tomamos como base a inércia do governo, que não tem conseguido resolver, mesmo com o decreto de calamidade pública. Isso abre a possibilidade de recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos ou a uma intervenção federal", disse. "Das duas, avalio que a intervenção federal é que tem condição de dar respostas mais rápidas", complementou.
Para realizar os pedidos, o Cremern e o Conselho de Direitos Humanos irão tentar conseguir o apoio de outros conselhos. A peça jurídica, após se avaliar qual solução é mais viável, será documentada com os casos de afronta aos direitos humanos encontrados nas últimas vistorias no Hospital Walfredo Gurgel. "A situação a que estão submetidos os pacientes do Walfredo Gurgel são uma grave afronta aos direitos humanos", asseverou o presidente do CDH/RN, Marcos Dionísio Medeiros.
Para se tentar uma intervenção federal é preciso sensibilizar, primeiramente o Ministério Público Federal, segundo o advogado Hélio Miguel, a quem cabe fazer este tipo de solicitação. "Isso precisa passar pelo Ministério Público Federal", disse Hélio, acrescentando que a questão como um todo precisa ser analisada para tomar uma forma definitiva. "Mas é certeza que iremos tomar uma atitude no sentido de procurar apoio externo", complementa o presidente do Cremern, Jeancarlo Cavalcanti.
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